Em 2003 foi lançado o filme Carandiru que conta a suposta versão dos
presos que em outras palavras o policial matou por querer e não para se
defender. E ainda hoje têm alguns ex-detentos que contam (na TV) versão do tipo
que se escondeu de baixo de uma pilha de corpo morto para não ser morto e por
causa disso contraiu AIDS (uma vez que os corpos estavam ensangüentados).
Hoje durante o julgamento
que está tendo um grupo de policiais que entraram no presídio naquele dia foram
condenados. E ainda tem mais grupos de policiais que serão julgados este ano.
O Massacre do Carandiru
ocorreu no dia de 02 de outubro de 1992. Nessa época a imprensa não tinha lá
muito acesso e a internet ainda não era uma ferramenta de mídia como é hoje. A TV
como sempre fez aquele sensacionalismo e seu próprio julgamento na época,
parcial aos bandidos e criticando/acusando os policiais. Na hora os Direitos
Humanos aparecem para defender o preso, mas onde estava esse mesmo Direito de
ser “tratado como gente” quando eles matam aqui fora? Onde estavam as mães
dessas pessoas (111 “vítimas” do massacre) quando eles começaram a entrar para
o mundo do Crime?
Em 2003 após ver o filme
Carandirú , tive acesse a uma palestra com policiais que foram contar sua
versão dos fatos. Além de mostrar fotos e apresentar dados do número de armas (desde
faca/canivete a arma de fogo) que é bem diferente do filme. No filme mostra que
os presos jogaram todas as armas porém os policiais falaram que ao entrar e
revistando o presídio tinha muita mais armas. Um outro fato curioso que foi
tratado na palestra : “quem começou a atirar?”, para essa pergunta a resposta
foi mostrada na prática. Em uma sala de aula bem grande com mais de 50 alunos (da
faculdade), todos prestavam atenção sem piscar o olho, silencio total só se
ouvia o policial que ali falava e os outros 03 policiais que às vezes
completava a fala. E dado um momento de forma inesperada o policial pegou a
arma que estava ali mostrando e explicando na palestra e atirou no chão. O
susto foi geral eu estava na frente em
frente da demonstração além de ficar congelada fiquei um tanto surda (temporariamente),
começou uma falação, alguns levantavam para abrir a janela, começou os ânimos a
esquentar e o policial gritou:
“Pessoal, qual o motivo da
agitação? Todo mundo sentado!”.
Todo mundo um pouco agitado
sentou novamente e o policial começou a falar alto:
“Se vocês estão assim e não
estão sobre eminente perigo. Imagine o policial que já sabia que os presos
estavam armados, que estavam querendo fugir, que já tinham feito ameaça durante
a rebelião.”
E seguiu o policial
colocando a gente na cena do “massacre” do Carandiru, falando alto:
“Pessoal se com um tiro no
chão vocês ficaram agitados, não sabia o que estava acontecendo. Imagina no
Carandiru alguém dispara a arma e não importa que lado começou, começam os disparos para se proteger , isso ambos lados.
E lá como vocês viram no filme era escuro e em muitos lugares os presos
quebraram as lâmpadas para usar como arma também.”
“Pessoal a polícia está aqui
para proteger e não para matar como a mídia coloca.”
No fim dessa palestra eu já
queria ser policial e “proteger e servir”.
Embora o Júri esteja condenando
essas pessoas que apenas estavam tentando proteger quem morava ali nas
redondezas e a sociedade no geral. O que aconteceria se os presos fizessem o
que bem desejasse sem que a polícia encostasse o dedo? Não consegue imaginar?
Lembrando de algo mais atual em 2006 o PCC além de provocar uma fuga em massa,
começou a mandar de dentro do presídio e policiais começaram a serem mortos e
outros cidadãos. Bateu um terror geral que começou em São Paulo e foi se espalhando
por todo país até mesmo no interior chegou. E quem parou com isso foi a mesma
polícia que a mídia massacrou antes.
E como disse o policial de
forma muito orgulhosa:
“Pessoal, a polícia é sempre
alvo na mídia. A maioria das reportagens fazem a população ter medo do policial... As pessoas
também criticam sem saber... Mas a polícia sempre vai estar aqui para servir e
proteger.”
Texto de RMOL